Imagem de capa: Bonnie Kittle
Saudações, leitor noturno!
Você deve se lembrar que ano passado fizemos nossa já tradicional lista de sugestões de leitura para o mês da mulher (veja a lista do ano passado AQUI). Bem, este ano está um pouco atrasado, mas como o mês ainda não terminou, aqui estão algumas sugestões para fechar Março com mais terror de qualidade produzido por mulheres.
Mais mortais que os homens: Obras-primas do terror de grandes escritoras do século XIX. Graeme Davis (organização), Tradução: Thereza Cristina Rocque da Motta. Prefácio: Michelle Henriques (do Coletivo Literário Leia Mulheres) Editora Jangada

Quem segue a “Biblioteca Noturna” há algum tempo sabe o amor que esse blog tem tanto pela literatura de terror da época vitoriana, quanto pelas autoras que foram fundamentais paraconstruir esse gênero. Aliás, o gótico vitoriano, com suas tramas sutis, segredos, paranoia e sensualidade foi um veículo literário perfeito para que mulheres pudessem expressar suas ansiedades, medos e visão de mundo em uma época profundamente consevardora e repressiva. A vivência da mulher vitoriana, reprimida e vigiada transparece nos contos de terror femininos do período, nos quais o medo, a insegurança e o desconforto social são plasmados em fantasmas, vampiros e demônios. Nesta coletânea estão presentes alguns dos contos mais clássicos destas autoras.
Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha: Histórias e contos de fadas assustadores-Liudmila Petruchévskaia, Tradução: Cecília Rosas. Companhia das Letras

Petruchévskaia é uma escritora russa mais conhecida por seus romances e peças de teatro. Peças que, aliás, foram censuradas muitas vezes pelo governo soviético. Porém é nos seus contos que podemos encontrar sua prosa seca, direta e até cruel em sua forma mais pura. Seus contos são a primeira vista surreais, como contos de fada macabros e às vezes quase sem sentido, mas olhando além da primeira impressão, encontramos algo mais profundo. Em todas as suas histórias, há uma ambiguidade entre o real e o psicológico, a sempre presente dúvida se o que estamos lendo é mesmo uma narrativa surreal, ou apenas os sonhos, pesadelos e traumas de seus personagens ganhando forma através da narrativa.
A Fúria e outros contos- Silvina Ocampo. Tradução: Livia Deosorla. Companhia das Letras.

A argentina Silvina Ocampo não é muito conhecida dos leitores brasileiros, o que é uma pena. Até em sua terra natal a escritora, que também foi artista plástica, foi um tanto ofuscada pela irmã Victória Ocampo e pelo marido Adolfo Bioy Cesares. Porém, após a sua morte, sua obra foi redescoberta, em especial seus contos. Durante a vida ela escreveu em vários estilos, incluindo contos infantis, mas aqueles que encontramos neste volume são uma amostra do estilo que realmente conquistou leitores. Seus contos misturam um estilo de escrita limpo e elegante com temas perturbadores e insólitos. Nas palavras do jornalista e escritor Tomás Eloy Martinez: “A fúria é uma das reuniões de contos mais intensas da literatura argentina. A primeira leitura deste livro pode suscitar mal-estares, mudanças de ânimo, deslumbramentos. Certas frases e uma ou outra palavra violenta desencadeiam a perplexidade e a inquietude física.”
As Trevas de uma Era. Mary Elizabeth Braddon. Tradução: Sandra Augusto. Ilustrações: Ana Milani e Caroline Jamhour. Editora Wish

Você, leitor ou leitora da Biblioteca Noturna, conhece muito o amor deste humilde bloguinho por Mary Elizabeth Braddon. Inclusive eu já publiquei um pequeno artigo biográfico (que você pode ler AQUI) e algumas traduções. Então, é claro que não poderia deixar de indicar essa belíssima edição ilustrada. Naquela que é, até onde eu sei, a única edição inteiramente dedicada à autora, encontramos uma pequena seleção de seus contos (inclusive dois que já traduzimos aqui no blog: “O segredo de Eveline”, traduzido no livro como “O visitante de Eveline”. Você pode ler a minha tradução AQUI e “O rosto no Espelho”, que você pode ler AQUI) e várias ilustrações em preto e branco que capturam a elegância e melancolia da prosa de Braddon.
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